Introdução: A igreja vive hoje um grande problema: o abismo que existe entre aquilo que professamos e aquilo que de fato vivemos. Como a religião pura e verdadeira vai muito além de doutrina e ritos, todo cristão deveria demonstrar prática e ação coerentes com a sua profissão de fé. Se houver um distanciamento entre cristianismo teórico e cristianismo prático, a falta de coerência fará surgir uma religião falsa e farisaica, e só trará crescente descrédito aos crentes. Não basta frequentar uma igreja, participar de um grupo, nem um ritual bonito ou uma liturgia pomposa. Nesta lição, veremos que aquele que acredita ser um crente verdadeiro deverá ter sempre suas ações dirigidas pela Palavra de Deus.
Desenvolvimento do ensino
Texto-base: Tiago 1.26-27
Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar- se incontaminado do mundo.
Segundo Hernandes Dias Lopes, autor do livro “Tiago, transformando provas em triunfo”, neste texto Tiago levanta um padrão aferidor da verdadeira fé e questiona se somos verdadeiros crentes ou não. Como saber? Nestes versos, Tiago levanta três características de um verdadeiro crente:
1. O verdadeiro crente tem controle da sua língua (1.26)
Jesus disse: “...de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt 12:36,37). O que Jesus está dizendo é que é a língua que revela o coração de um homem (Mt 12:34,35). A maledicência é o pecado que Deus mais abomina (Pv 6:16-19). A palavra irrefletida, a conversa torpe, a mentira leviana, as acusações maldosas, as orquestrações tramadas para destruir reputações, são provas incontestáveis do grande poder destruidor da língua e quem assim procede deve questionar se realmente conhece a Deus. Porque se a língua é má, suja e ferina, a religião então é vazia e nula. Não podemos glorificar a Deus com a nossa língua e, ao mesmo tempo, destruir vidas com ela. A língua não pode ser um canal de vida e também um instrumento de morte e maldade.
Dias Lopes afirma: “A língua é como uma radiografia que revela o que está em nosso interior. Não há coração puro se a língua é impura. Não há língua santa se o coração é um poço de sujeira. Não há cristianismo verdadeiro sem a santidade na linguagem. Se o coração estiver certo, a língua mostrará isto”.
1. Você concorda que nossa linguagem revela o nosso interior?
2. O que você tem percebido com relação a esta radiografia de seu coração?
3. Você pode perceber o quanto a língua tem de poder destruidor? Mas também o quanto ela pode ter de poder edificador?
2. O verdadeiro crente tem uma vida santa (1.27b)
Aquele que nasceu de novo guarda-se incontaminado do mundo, isto é, do sistema de valores pervertidos, corruptos, sujos, imorais e inconsequentes. Ele rechaça relativismo, o imediatismo e o hedonismo que levam ao comprometimento com o pecado.
Ser crente autêntico é não tomar a forma do mundo e conformar-se com a Palavra de Deus. Como diz James Boyce (autor de “Creio sim, mas e daí?”), vivemos numa época caracterizada por imundície moral. O perigo da contaminação pelo mundo por meio de suas diversões, revistas, livros e vida do dia-a-dia, é algo que conhecemos muito bem. Tiago está dizendo que devemos nos manter livres de tudo isso e que não devemos ser contaminados com tais coisas. A bíblia fala de Demas, que amou o presente século, o mundo, e abandonou a sua fé (2Tm 4:10).
Fomos tirados do mundo e separados para Deus. Somos enviados de volta ao mundo, não para o imitarmos, não para cobiçarmos as coisas más que há nele, mas para sermos luz do mundo, referencia de vida diferente e feliz. Estamos nele não para que ele nos contamine, mas para sermos nele instrumento de transformação.
1. Em sua opinião, o que significa sermos “luz do mundo e sal da terra”?
3. O verdadeiro crente tem compaixão dos necessitados (1.27)
Aquele que nasceu de novo não é egocêntrico, não vive só para si, não vive recuado só no seu mundo, olhando só para si. Ele sai do casulo, se levanta de uma posição de indiferença e age. Tem mãos abertas, coração dadivoso e bolso generoso. Não ama apenas de palavra, mas de coração. Visitar os órfãos e as viúvas significa viver com envolvimento e compaixão manifestada em ajuda concreta e no suprimento das necessidades reais daqueles que mais carecem e sofrem.
A salvação vem somente pela fé na morte expiatória de Cristo e Sua ressurreição gloriosa. O cuidado dos necessitados não é para a salvação, mas uma expressão visível dela na vida do verdadeiro crente. Não fazemos boas obras para sermos salvos, mas como evidência de que somos salvos. Se tivemos um encontro com Deus, não vemos somente a Ele, mas vemos a nós mesmos e também o nosso próximo (Is 6:3-8). No dia do juízo, teremos que prestar conta de nossa vida. Seremos julgados segundo as nossas obras. Dar pão a quem tem fome, roupa a quem está nu, visitar os enfermos e presos, etc, são atos concretos de amor que Jesus espera e cobrará de nós (Mt 25:34-46).
Conclusão e desafios
A Bíblia não apenas nos desafia a um viver coerente com a Palavra de Deus. Segundo H. D. Lopes, ela também nos mostra quais são os benefícios maravilhosos para aquele que professa e vive a fé verdadeira:
1. Ele terá a aceitação de Deus (1:27). “A religião pura e sem mácula, aceita por nosso Deus, é essa...”. Quando exercemos a nossa fé em obediência à Palavra de Deus, a nossa vida e serviço são aceitos como aroma suave (Fp 4:18).
2. Ele receberá bênçãos pessoais (1:25). “... este será bem-aventurado no que fizer”. Você quer que Deus o abençoe? Então, leia a Palavra, descubra o que ela diz e viva de acordo com ela.
3. Ele se realizará, sendo instrumento para abençoar outras pessoas (1:27). Tornamo-nos agentes de Deus para aliviar o sofrimento das pessoas necessitadas. Seremos, então, o sal da terra e a luz do mundo.
A partir disso, seguem-se os mesmos desafios da semana passada:
1. Busque conhecer com precisão e profundidade a palavra de Deus. Não só para conhecer, mas para praticar insistentemente. Para tanto, seja freqüente à célula e aos cultos da igreja, participe do CCM, leia e estude a Bíblia;
2. Não pare e estacione no conhecer a palavra! Procure praticar cada verdade nova que aprender. Quando tiver a oportunidade de ouvir a palavra, anote ou guarde, de alguma maneira, o que você estiver aprendendo e, após isso, busque obedecer às ordens claras de Deus e pergunte-se como colocar em prática os princípios recebidos.
3. Mas busque também observar quem Deus está colocando ao seu lado como o seu próximo, para quem Deus espera que você demonstre compaixão prática e transformadora.
Para sua reflexão:
O que você irá fazer com o que aprendeu na lição de hoje? Irá apenas ouvir? Como irá colocá-la em prática?