Introdução: Na lição de hoje, abordaremos o tema ”amizade com o mundo, inimizade com Deus”. Veremos que é considerado uma forma de adultério espiritual a ideia e a prática de nos relacionarmos com Deus e, ao mesmo tempo, continuarmos flertando com o mundo.
Desenvolvimento do ensino
Texto-base: Tiago 4.4-6
Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus. Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o Espírito que ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes? Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”.
1. O que é o mundo?
A palavra mundo, tradução para kosmos, pode ter diversos sentidos. No presente contexto, pode ser conceituada como “um conjunto de ideias e práticas contrárias a Deus”. Deus tem o seu conjunto de ideias e práticas. Podemos ter acesso a ele através da Bíblia, a Palavra de Deus. As ideias e práticas do mundo estão implícita ou explicitamente na contramão das de Deus. Sendo assim, se Deus deseja, por exemplo, a pureza sexual, o mundo apregoa a imoralidade e a libertinagem. Se Deus se coloca ao lado da verdade, o mundo defende e incentiva a mentira. Deus e o mundo são antagônicos, completamente opostos entre si.
O mundo, sendo um conjunto de ideias e práticas, não tem vida própria. Ele tem, por trás de si, um grande mentor, que lhe dá forma e cor. A Bíblia diz que esse mentor é o diabo, o qual é chamado “príncipe deste mundo” (cf. João 12.31; 14.30; 16.11). Em
1João 5.19, está escrito que “o mundo todo está sob o poder do Maligno”. Isso quer dizer que o mundo, então, reflete as ideias e práticas de Satanás, o qual, sabemos, é inimigo de Deus e da Igreja de Cristo.
2. O adultério espiritual
Tendo em mente o conceito de mundo, podemos entender melhor o que Tiago quis dizer no texto dessa lição. Ele chama os irmãos aos quais está escrevendo de adúlteros. Por que a utilização de um adjetivo tão pesado? Porque aquelas pessoas, sendo cristãs, estavam mantendo um relacionamento com o mundo, ou seja, manifestando ideias e práticas contrárias a Deus, o que constituía um adultério espiritual.
A ideia de “adultério espiritual” é algo muito recorrente no Antigo Testamento. Na história do Antigo Testamento, Deus faz uma aliança com o povo de Israel, a qual, principalmente nos livros proféticos, é comparada à união matrimonial entre um homem e uma mulher. Sendo assim, o pecado de Israel ao adorar e servir outros deuses é rotulado de adultério. O texto de Jeremias 3.20 nos apresenta um exemplo disso: “Mas, como a mulher que trai o marido, assim você tem sido infiel comigo, ó comunidade de Israel’, declara o Senhor”. É isso que Tiago, como um judeu, tem em mente ao chamar seus destinatários de adúlteros. Ele quer chamar a atenção da igreja para o absurdo e gravidade que é ser um cristão e manter ideias e práticas mundanas. Não pode ser assim. Aquele que tem amizade com o mundo se torna inimigo de Deus, pois o está traindo.
1. Pare e pense: você mantém em sua vida ideias e práticas mundanas, ou seja, contrárias a Deus? Em que você tem cometido infidelidade contra Deus?
3. A reação de deus ao adultério espiritual
Semelhantemente a um marido traído, Deus também reage quando cometemos adultério espiritual contra Ele. Semelhante e não igualmente. Obviamente, as atitudes de Deus não podem ser comparadas com as nossas. Deus é santo e nós somos pecadores. A primeira reação de Deus ao adultério espiritual é o ciúme. Tiago diz que o Espírito que habita em nós tem fortes ciúmes (cf.
4.5). Ciúme, nesse contexto, deve ser comparado com zelo e cuidado e não com um sentimento descontrolado e possessivo. Deus deseja que o seu povo seja total e integralmente seu. Por isso, quando flertamos e nos relacionamos com o mundo, ele reage prontamente, manifestando sua ira e descontentamento. Sobre isso, dois textos bíblicos podem ser citados. Êxodo 34.14 diz: “Nunca adore nenhum outro deus, porque o Senhor, cujo nome é Zeloso, é de fato Deus zeloso”. Zacarias 8.2 diz: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Tenho muito ciúmes de Sião; estou me consumindo de ciúmes por ela’”.
A segunda reação de Deus ao adultério espiritual é a graça (cf. 4.6), a qual se manifesta de duas maneiras. Primeiramente, a graça de Deus nos fornece tudo o que nos é necessário para vivermos conforme suas exigências, ou seja, ele nos capacita a sermos fiéis a Ele. Conforme disse Agostinho, Deus dá aquilo que Ele exige. Em segundo lugar, Deus está sempre disposto a perdoar o pecador. Quando adulteramos contra ele, sua graça é maior do que sua ira. Entretanto, só tem acesso a essa graça aquele que, com humildade, reconhece e confessa que pecou contra Ele. Quem assim não age, sofre resistência da parte de Deus, ou seja, quer se aproximar dEle, mas Ele não o permite.
2. Você consegue reconhecer a presença do ciúme de Deus em sua vida?
3. Você consegue reconhecer a presença da graça de Deus em sua vida?
4. Você tem sido humilde diante de Deus, reconhecendo e confessando seus pecados contra Ele?
Conclusão e desafios
Nesta lição, aprendemos que:
• O mundo é um conjunto de ideias e práticas contrárias a Deus que tem como mentor o diabo;
• Quando nos relacionamentos com o mundo, ou seja, manifestamos práticas e ideias contrárias a Deus, cometemos adultério espiritual contra Ele;
• Deus reage ao nosso adultério espiritual com ciúme e graça. A graça está acessível àquele que humildemente reconhece e confessa que pecou contra Ele.
A partir disso, leve os seguintes desafios para casa:
1. Passe sua vida em revista e localize quais são as ideias e práticas mundanas que você tem mantido em sua vida;
2. Após isso, reconheça e confesse essas práticas e ideias como pecados e peça perdão a Deus pelo seu adultério espiritual.