O Propósito de Deus para os Dons Espirituais

Texto: 1 Coríntios 12:1-31

INTRODUÇÃO

A dinâmica dos dons espirituais é um dos recursos mais poderosos que Deus providenciou para que a igreja tivesse um crescimento saudável. Hoje há ensinamentos bem divergentes sobre os dons: os cessacionistas, os ignorantes, os medrosos e os que advogam a contemporaneidade de todos os dons. Mas vejamos o que a palavra de Deus ensina.

A NATUREZA DOS DONS ESPIRITUAIS- VS. 1-12

Há alguns estudiosos que defendem a cessação dos dons espirituais. Segundo esses estudiosos, os dons foram apenas para os tempos apostólicos. Contudo, não temos provas bíblicas, teológicas e históricas consistentes para provarmos essa posição (1 Coríntios 13.10). Ao contrário, o que temos visto é que os dons do Espírito são atuais e tem se manifestado em sua Igreja.

A questão essencial é definirmos qual deve ser a nossa atitude em relação aos dons. A igreja de Corinto tinha todos os dons (1.7). Nem por isso era uma igreja perfeita. Alguns até começaram a usar seus dons sem o fruto do amor.

Paulo exorta que os crentes não devem ser ignorantes com respeito aos dons espirituais (12.1). É de extrema importância que os crentes descubram, desenvolvam e usem os dons recebidos de Deus para a edificação da igreja.

Os dons têm um tríplice aspecto: São “charismata”, “diakonia” e “energémata” = dons, ministérios e obras. Com isso, Paulo fala sobre: Origem dos dons; o modo como atuam; a finalidade dos dons. Quanto à origem dos dons, eles são “charismata”, manifestação concreta de “charis” graça divina. A graça de Deus é a origem de todo dom. A origem dos dons nunca está no homem, mas na graça de Deus. É errado os crentes quererem distribuir os dons.

Quanto ao seu modo de atuar, eles são “diakonia”, prontidão para servir. É concentrar não em mim mesmo, mas no outro. É buscar não minha auto-edificação, mas a edificação do meu próximo. A finalidade do dom é a realização de alguma obra concreta, uma ajuda a alguém, a edificação da comunidade.

1.1. O propósito divino para os dons – v. 7

Os dons são dados a cada membro do corpo – “A manifestação do Espírito é concedida a cada um”. Os dons são dados visando um fim proveitoso, ou seja, a edificação da igreja.

1.2. A variedade dos dons – vs. 8-10

Paulo oferece cinco listas de dons espirituais: Rm 12.6-8; 1 Co 12.8-10; 12.28; 14; Ef 4.11-13. Não há crente sem dom nem crente com todos os dons (12.29-31). Assim como não há membro autossuficiente no corpo nem membro sem função. Alguns estudiosos classificaram os dons registrados em 1 Coríntios 12 como dons de pregação, dons de sinais e dons de serviço.

1.3. A soberania do Espírito na distribuição dos dons – v. 11

O Espírito Santo distribui os dons a cada um, ou seja, não existe membro do corpo de Cristo sem pelo menos um dom espiritual. O Espírito Santo é livre e soberano na distribuição dos dons. No texto temos quatro verbos chaves que ilustram essa soberania: no verso 11, Deus distribui; no verso 18, Deus dispõe; no verso 24, Deus coordena, e no verso 28 Deus estabelece. Do começo ao fim Deus está no controle.

A IGREJA É UM CORPO – VS. 12-31

A igreja é comparada com uma família, um exército, um templo, uma noiva. Mas a figura predileta de Paulo para descrever a igreja é como um corpo. O apóstolo Paulo destaca três grandes verdades aqui:

2.1. A unidade do Corpo – vs. 12-13

Paulo diz que nós confessamos o mesmo Senhor (12.1-3), dependemos do mesmo Deus (12.4-6), ministramos no mesmo corpo (12.7-11) e experimentamos o mesmo batismo (12.12-13).

Dois fatores mantêm a unidade do corpo de Cristo:

2.1.1. O Sangue

Pode ser difícil estabelecer a unidade entre meus pés, minhas mãos e meus rins. Mas o mesmo sangue alimenta estes membros e todos os outros. O sangue fornece vida aos membros e se impedirmos o sangue de chegar a alguns deles, esses morrerão rapidamente. No sentido espiritual, o sangue de Cristo é o elemento que unifica o Seu corpo. Ninguém faz parte da igreja sem ter-se apropriado primeiro da expiação, dos benefícios da morte de Cristo e do seu sangue derramado.

2.1.2. O Espírito

Nunca descobriremos o espírito ou a alma de uma pessoa em algum de seus órgãos, membros ou glândulas. Em certo sentido, o espírito está em todos os membros do corpo. Em relação à igreja a Bíblia diz: “em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (12.13). Um membro do corpo pode ser mais cheio do que outro membro, mas nenhum membro está sem o Espírito. Ser batizado pelo Espírito significa que pertencemos ao Corpo de Cristo. Ser cheio do Espírito significa que nossos corpos pertencem a Cristo.

A unidade da igreja não é eclesiástica nem denominacional, nem organizacional, mas espiritual. Não há unidade fora da verdade. O ecumenismo é uma conspiração ao ensino bíblico. O verdadeiro corpo de Cristo nem sempre coincide com o rol de membros das igrejas.

2.2. A diversidade do Corpo – vs. 14-20

O corpo precisa ter uma grande diversidade de membros para que funcione bem (12.14). O corpo precisa das diversas funções dos membros para sobreviver (12.15-19). Ilustração: Meu olho faz um trabalho bom ao focalizar uma manga apetitosa. Mas para que a manga me alimente eu preciso de outros órgãos: Da mão para pegar a manga; da boca para morder um pedaço; dos dentes para mastigá-la; da língua para movimentá-la na boca; da garganta para engolí-la; do estômago para digeri-la; do fígado para acrescentar a bílis.

Nenhum membro do corpo pode desempenhar as funções sem os outros membros. Não há cristão isolado. Vivemos no corpo. Ilustração: Se eu cortasse minha mão e a colocasse numa cadeira no outro lado da sala, ela ainda seria minha mão, mas não teria mais utilidade porque estaria separada dos outros membros do corpo.

2.3. A mutualidade do Corpo – vs. 21-31.

Com respeito à mutualidade Paulo nos ensina algumas lições:

2.3.1. O perigo do complexo de inferioridade-vs. 15-16. Ficar ressentido por não ter este ou aquele dom espiritual é imaturidade espiritual. É culpar a Deus de falta de sabedoria. Devemos exercer nosso papel no corpo com alegria e com fidelidade. Nenhum membro da igreja deveria se comparar nem se contrastar com qualquer outro membro. Somos únicos e singulares para Deus.

2.3.2. O perigo do complexo de superioridade-vs. 21-24.Nenhum membro da igreja pode envaidecer-se pelos dons que recebeu. Não há espaço para orgulho no meio da igreja de Deus (1 Co 4.7).

2.3.3. A necessidade da mútua cooperação – v. 25. Os dons são dados não para competição nem para demonstração de uma pretensa espiritualidade. O dom tem como objetivo a mútua cooperação. Assim cada membro deve ajudar ao outro com o espírito sincero de servir.

2.3.4. A necessidade da empatia na alegria e na tristeza – v. 26. Não estamos competindo, não disputando quem é o melhor, o mais talentoso, o mais dotado, o mais espiritual. Somos uma família. Somos um corpo. Devemos celebrar as vitórias uns dos outros e chorar as tristezas uns dos outros. Às vezes é mais fácil chorar com os que choram do que se alegrar com os que se alegram.

2.3.5. A necessidade de compreender que não somos completos em nós mesmos e que precisamos dos outros membros do corpo – vs. 27-31. O corpo é uno, os membros são diversos, e por isso, eles precisam cooperar uns com os outros para o bem comum. Assim também é na igreja. Não somos autossuficientes. Dependemos uns dos outros.

A igreja precisa conhecer os seus dons e usá-los corretamente. O dom é para a edificação e crescimento da igreja e não para orgulho pessoal ou divisão na igreja.

Que todos nós saibamos usar os dons que Deus tem nos concedido com amor, e desejo sincero de servir a sua obra.

Pr. Josias Moura de Menezes

Postar um comentário

Os comentários deste blog são todos moderados, ou seja, eles são lidos por nós antes de serem publicados.

Não serão aprovados comentários:

1. Não relacionados ao tema do artigo;
2. Com pedidos de parceria;
3. Com propagandas (spam);
4. Com link para divulgar seu blog;
5. Com palavrões ou ofensas a quem quer que seja.
6. Anônimos

Para outros assuntos use a página de contato do blog

ATENÇÃO: Comentários com links serão excluídos!

Postagem Anterior Próxima Postagem