A superioridade do amor em relação aos outros dons

Texto: I Coríntios 13.1-13

INTRODUÇÃO

O que é amor? Alguns o consideram uma emoção: O coração bate forte, as mãos ficam geladas – isso é amor! Outros dizem que o amor é um sentimento romântico, platônico, poético. Para outros o amor é uma atração ou um impulso passional. Uma paixão inflamada, indomável. Exemplo: "Eu matei por amor".

Hoje, com o desgaste da palavra amor, ela passou a significar uma atividade sexual antes do casamento, durante o casamento e fora do casamento. Esse amor tem trazido ódio, desgraças, divisões, lares arruinados e enfermidades.

O amor ágape é muito mais que emoção. É atitude, é ação. É amar o indigno. É amar até às últimas consequências. Cristo nos amou e a Si mesmo se deu por nós.

Quando Paulo escreveu para as igrejas de Éfeso, Filipos, Colossos e Tessalônica, ele agradeceu a Deus pelo amor existente entre aqueles irmãos. Mas, quando escreveu para Corinto, não o fez. Pelo contrário, ele agradeceu pelos dons. Corinto era uma igreja cheia de dons (1.7). Mas era uma igreja imatura e carnal (3.3). Paulo não agradece pelo amor, porque esta era a grande deficiência da igreja de Corinto. Quando lemos toda a carta descobrimos que eles não tinham amor. O amor deles era raso e inexpressivo.

E isso nos levou a 1 Coríntios 13, o grande capítulo do amor.Infelizmente, costumamos ler este capítulo sem considerar o contexto total da carta. Quando entendido dentro do contexto, vemos que 1 Coríntios 13 é antes uma condenação da carnalidade dos crentes de Corinto. Paulo diz que a vida comunitária sem o amor não é nada (1-3). A seguir ele descreve o que é amor, o que não é amor e o que o amor faz (4-7). Finalmente, Paulo descreve vividamente a natureza duradoura e eterna do amor (8-13).

1. A AUSÊNCIA DO AMOR – VS. 1-3

O amor é superior a todos os dons extraordinários . O amor é melhor do que o dom de línguas (v. 1). O amor é melhor do que o dom de profecia e conhecimento (v. 2). O amor é melhor do que o dom de milagres (v. 2). As maiores obras de caridade são de nenhum valor sem amor (v. 3). O amor é melhor por causa da sua excelência intrínseca e também por causa da sua perpetuidade.

Todos os dons mais dramáticos e mais maravilhosos que podemos imaginar são inúteis, se não há amor. O exercício mais generoso dos dons espirituais não pode compensar a falta de amor. Paulo menciona cinco dons espirituais: línguas, profecia, conhecimento, fé, contribuição sacrificial (dinheiro e vida). Mas ele diz que o exercício desses dons sem o amor não tem nenhum valor.

A igreja de Corinto estava cheia de rachaduras, de cisões, de divisões por causa dos dons: "Porque não sou mão, não sou do corpo". "Não podem os olhos dizer ã mão: Não precisamos de ti"; outros diziam: "Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo". Paulo disse que os dons não eram para divisão do corpo (12.25). Ali estava a igreja mais cheia de dons do Novo Testamento, mas também a igreja mais imatura e mais carnal, porque lhe faltava amor. A igreja buscava os dons do Espírito, mas não o fruto do Espírito.

Paulo faz três declarações duras acerca do cristão que não tem amor.

1.1. Sem amor, eu ofendo os outros – v. 1. Em 1 Co 8.1 Paulo já havia ensinado que o amor edifica. Quando os dons são exercidos em amor eles edificam a igreja. Mas quando os dons não são usados com amor, magoamos as pessoas. Paulo expõe esse assunto por meio de uma referência indireta aos devotos dos cultos de mistérios gregos em Corinto, que adoravam Dionísio (deus de natureza) e Cibele (deusa dos animais selvagens). Nas ruas de Corinto ecoavam o toque dos gongos barulhentos e dos címbalos estridentes, instrumentos que caracterizavam esses adoradores. Esse som monótono e pesado incomodava as pessoas como o latido constante de um cão.

Igualmente desagradável são aqueles que usam o dom de falar em línguas sem a motivação controlada pelo amor. Não importa se as línguas são humanas ou angelicais, sem amor tornamo-nos desagradáveis e rudes.

O homem que se deixa levar pelo falar, antes que pelo fazer, vem a ser nada mais que mero som. A melhor linguagem do céu ou da terra, sem amor, é apenas barulho.

1.2. Sem amor, eu nada sou – v. 2. Os coríntios pensavam que os possuidores de certos dons eram pessoas extremamente importantes. Mas sem amor essas pessoas eram totalmente insignificantes. A ausência de amor faz com que o cristão perca o seu significado diante de Deus. Ele se transforma em uma nulidade, num zero. Deus não pode usar, para a Sua glória, um cristão sem amor.

1.3. Sem amor, eu não ganho nada – v. 3. Do conhecimento e dos feitos poderosos, Paulo se volta para os atos de misericórdia e dedicação. Paulo agora menciona dois atos de sacrifício pessoal (contribuição sacrificial e martírio).

Será que tais atos não são inerentemente valiosos aos olhos de Deus? Não são meritórios. Tais atos podem ser motivados por uma teologia errada e por um propósito errado. Exemplo: os suicidas Talibã que jogaram os aviões nas torres gêmeas no dia 11/09/2001. Sem amor, todo o sacrifício se perde e nada se ganha.

2. AS VIRTUDES DO AMOR – VS. 4-8

Vejamos as virtudes do amor:

13.4 "O amor é paciente e benigno". O amor tem uma infinita capacidade de suportar. A palavra indica paciência com pessoas em vez de paciência com circunstâncias. Benigno: reage com bondade aos que o maltratam. Eles eram impacientes uns com os ou; "JS e indelicados em suas atitudes entre s>. Na verdade havia divisões e contendas entre eles (1.10-11; 6.7).

13.4 "O amor não arde em ciúmes, não se ufana e não se ensoberbece". O amor não se aborrece com o sucesso dos outros. Eles eram ciumentos e orgulhosos. Eles se ensoberbeciam (1.29; 3.21; 4.6,18-19; 5.2). Eles tinham inveja uns dos outros (3.3; 12.15,21).

13.5 "O amor não se conduz inconvenientemente, não procura os seus próprios interesses". O amor é a própria antítese do egoísmo. Os crentes de Corinto estavam fazendo pouco uns dos outros e usavam os dons para a sua própria glorificação. Na Ceia do Senhor uns comiam e bebiam; outros passavam fome (11.17-22).

13.5 "O amor não se exaspera e não se ressente do mal". O amor não é melindroso. Não está predisposto a ofender-se. O amor está sempre pronto para pensar o melhor das pessoas, e não lhes imputa o mal. Os crentes de Corinto estavam levando uns aos outros aos tribunais diante de juízes não-cristãos (6.5-7). Eram egoístas e carnais.

13.6 "O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade". É tremendamente característico da natureza humana sentir prazer com os infortúnios dos outros. Grande parte das colunas de notícias dos nossos jornais é dada a relatar injustiças. O amor não se alegra com o mal de nenhuma espécie. Havia imoralidade na igreja, coisa que não acontecia nem entre os gentios (5.1). Pior: Eles se orgulhavam do próprio pecado em vez de lamentar (5.2).

13.7 "O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".Além da imoralidade sexual muitos desses cristãos eram insensíveis para com os membros mais fracos do grupo. Usavam a liberdade para provocar escândalos (8.9). Na realidade alguns chegaram a praticar idolatria (10.14). Eles davam crédito à mentira, mesmo contra o seu pai espiritual, o apóstolo Paulo (4.3-5; 9.1-3).

CONCLUSÃO

Paulo encerra a exposição falando sobre A ETERNIDADE DO AMOR – vs. 8-13. Ele menciona os três dons que ocupam o alto da lista de prioridade dele: línguas, profecia e conhecimento. Cada um deles passará a ser irrelevante ou será absorvido na perfeição da eternidade (13.10).

Paulo ilustra esta verdade geral de duas maneiras diferentes: 1)Ele menciona o crescimento desde a infância até a maturidade – a diferença entre a infância e a maturidade; 2) ele contrasta o reflexo de uma pessoa no espelho com a visão dela mesma, face a face – a diferença entre se ver uma imagem obscura (espelho polido) e a imagem verdadeira.

Enquanto não virmos a Jesus como Ele é, teremos pouca maturidade. Enquanto não virmos a Jesus não veremos com total clareza as coisas de Deus! Enquanto vivemos nossas vidas nesta terra, a nossa visão das coisas é, na melhor das hipóteses, indistinta.

Todos os dons que temos são para esta vida. Mas o amor vai reinar no céu. Dentre as maiores virtudes: fé, esperança e amor, o amor é a maior de todas!

 

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Autor: Pr. Josias Moura Menezes

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