O Significado Cristão da Páscoa

Êxodo 12:1-14;21-28

 

1. INTRODUÇÃO

A palavra Páscoa vem do hebraico pasaq e que dizer “passagem”. Significava que o anjo da morte que viria fazer justiça, matando os primogênitos do Egito, passaria por cima da casa dos israelitas e o mal não lhe atingiria. Assim, a celebração da Páscoa tornou-se uma recordação anual de como Deus libertou o seu povo da escravidão no Egito. Anualmente, eles fariam uma pausa para recordar o dia em que o Anjo destruidor poupou suas casas e agradeceriam a Deus por salvá-los da morte e liberta-los da escravidão.

Para o crente, a Páscoa é símbolo da passagem de uma vida de pecado, onde o homem está distante de Deus, para uma nova vida na presença de Cristo. Nós crentes também tivemos o nosso dia de libertação quando fomos salvos da morte espiritual e da escravidão do pecado.

Os Judeus ficaram cerca de 400 anos em regime de escravidão. Quando partiram, eram 600 mil homens, sem contar mulheres e crianças. Foram aproximadamente 2 milhões de pessoas, que saíram do Egito e caminharam 40 anos num árido e difícil deserto rumo a liberdade.

2. O capitulo 12 de êxodo nos traz algumas informações especialmente importantes:

V.3 nos informa que cada pai de família escolheria um carneiro para sacrificar. Deus queria envolver a todos naquela cerimônia. Deus quer que todos nós participemos de sua obra. Temos aqui o princípio de comunhão e relacionamento com Deus.
V.4 nos diz que se a família fosse pequena o cordeiro deveria ser compartilhado com outra família, para que não houvesse desperdício. Temos aqui o princípio da comunhão e do compartilhar  com os nossos irmãos.
O v.10 diz: “Não deixem nada para o dia seguinte e queimem o que sobrar…..”. Os judeus não deviam guardar em depósitos nenhum alimento para que aprendessem a depender da provisão de Deus enviada a cada dia. Temos aqui o princípio da dependência.

3. Vamos nos deter a partir de agora em examinar os principais elementos da páscoa.

3.1 O Cordeiro(v.5)

“…será sem defeito…”. O povo deveria escolher um cordeiro perfeito que simbolizasse a perfeição de tudo que Deus realiza.
Tinha que ser o melhor cordeiro, o mais saudável. Será que estamos oferecendo para Deus o melhor? O sacrifício de Abel foi aceito, porque foi o melhor e foi realizado com fé.
Queremos que Deus aceite nossas orações e resolva todos os nossos problemas. Porém, muitas vezes não temos a mesma disposição para ser fiéis a Deus  vindo regularmente a Igreja, orando, sendo dizimistas comprometidos com a obra.
Quando Gideão convocou um exército para lutar contra os midianitas em Juízes 7, 32 mil pessoas se prontificaram. Mas, na visão de Deus este não era o melhor exército. Havia muita gente deste exército que não estava disposta a oferecer o melhor para Deus. Deus mandou voltar os medrosos e tímidos, porque eles não estavam dispostos a oferecer o melhor. Voltaram 22 mil pessoas e ficaram 10 mil. Na Segunda prova que Deus fez, voltaram 9.700 pessoas e ficaram apenas 300. Em meio a 32 mil pessoas, Deus só pode contar com 300, que estavam dispostos a oferecer o melhor.
Abel ofereceu o melhor sacrifício e foi aprovado por Deus. Abraão ofereceu o melhor que tinha a Deus: o seu filho.
Deus ofereceu o que tinha de melhor para nós. O seu único filho. Acerca de Jesus, João Exclamou: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.”  Jo. 1:29.  A páscoa nos lembra, que Deus enviou o seu único filho ao mundo e o entregou por nós, para que morrendo em nosso lugar fossemos salvos. Se Deus é capaz de fazer o melhor por nós, sejamos capazes de fazer o mesmo por Ele.
Se cada um usar o melhor de si, mesmo que a sua habilidade (dom ou talento) pareça insignificante, poderá ser instrumento de bênção para quantos necessitam do Salvador.
Moisés tinha apenas um bordão, provavelmente feito de um galho seco de uma árvore qualquer. Mas foi esse cajado que ele, em nome do Senhor, levantou para que o Mar Vermelho se abrisse, e o povo de Deus passou a pé enxuto. Quando o povo sentiu uma incontrolável sede, foi com esse bordão que Moisés feriu a rocha em Refidim, e dela saiu água para saciar uma população inteira em pleno deserto. (Ex 14.16; 17.6)
O jovem Davi tinha apenas uma simples funda (rudimentar atiradeira de pedras), quando se dispôs a enfrentar o gigante Golias perante os exércitos dos filisteus e dos israelitas. Davi partiu para o gigante e, em nome do Senhor, lhe atirou uma pedra que o derrubou e selou a sorte da batalha. Foi esse pequeno instrumento que Deus utilizou para envergonhar uma nação inteira e dar a vitória ao Seu povo.  (1 Sm 17.49)
Jesus tinha uma grande multidão diante de Si, mas a hora estava adiantada e não havia como alimentar a todas as pessoas. Na verdade, havia apenas dois peixes e cinco pães oferecidos por um garoto. Nas mãos daquele jovem, ou nas minhas mãos, cinco pães e dois peixes talvez produzissem apenas alguns sanduíches. Mas, nas mãos de Jesus, foram poderosamente multiplicados e alimentaram milhares.
A lição que aprendemos é esta: dê o melhor que tem para o Senhor, embora pareça insignificante, e Ele usará isto para a Sua glória. Não esconda o dom que Deus lhe deu, não retraia de abençoar as pessoas com o talento que possui. Antes, coloque-o nas mãos de Deus, faça o seu melhor, e o Senhor abençoará o seu intento.
Foi o que fez Maria, de Betânia. Jesus estava na casa de Simão, quando ela trouxe um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o vaso, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. Alguns se indignaram, pois acharam que era um desperdício, pois se tratava de um perfume valioso (cujo custo importava em mais de 300 dias de trabalho); e murmuravam contra ela. Mas Jesus disse: “Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo”. E acrescentou: “Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua”. (Mc 14.3-9)
Maria deu o melhor que tinha para Jesus e ganhou um reconhecimento mundial que dinheiro nenhum compraria; e, ainda por cima, com a honra de ter ungido Jesus para a sua morte vicária. Que grande privilégio!
Jamais ofereça a Deus nada menos que o seu melhor, mesmo que aos olhos humanos possa parecer insignificante. Pois o valor do que você coloca nas mãos de Deus é decorrente da sua atitude. Uma atitude generosa faz toda a diferença e move a mão de Deus para abençoar a muitos.
Você está oferecendo o seu melhor para Deus?

3.2 O Sangue(v.7)

“Pegarão um pouco de sangue e o passarão nos batentes dos lados e cima das portas das casas onde os animais vão ser comidos”.
Deus mandou que o sangue fosse colocado em toda porta onde houvesse uma família de judeus. A marca do sangue do cordeiro impediria a atuação do mal naquelas casas. E de fato, onde estava a marca do sangue, não houve morte, nem destruição.
Nós necessitamos da marca do sangue em nossas vidas. I Jo.1:7 diz: “O sangue de Jesus Cristo seu filho, nos purifica de todo o pecado.” No sangue de Cristo, encontramos o perdão para nossos pecados.
O sangue do cordeiro, é símbolo de uma aliança que Deus estabelece conosco, que nunca será rompida.(“…o sangue da nova aliança…”Mt. 26:28). Nenhuma situação da vida, poderá quebrar a nossa aliança com Deus. As vezes, somos tentados a achar que nossa aliança com Deus, pode ser quebrada. Mas, a nossa aliança no sangue de Cristo, é inquebrável.
Aprenda a pronunciar a frase: “O sangue de Jesus Cristo tem poder”. Há poder neste sangue.

3.3 Pães asmos(v.8)

O pão asmo era um pão sem fermento, exclusivo para a semana da Páscoa. Os judeus acreditavam que o fermento era símbolo de contaminação, por isso, os Pães asmos simbolizavam pureza, e nos lembram a santidade e a pureza da Igreja de Cristo.
Em muitas circunstâncias o Diabo fermenta a Igreja com divisões, conflitos, falsas doutrinas. Ou então fermenta a família com brigas, discórdia. Ou até mesmo a nossa vida, com desânimo, frieza espiritual.
Lancemos fora todo o fermento que vem do maligno. Ira, mágoa, inveja, raiva descontrolada, palavras torpes, fofoca, críticas injustas, calúnias, São o fermento maligno que devemos rejeitar em nome de Jesus.
Quando lançamos fora o fermento velho, que vem do mal, então experimentamos um novo pão. Este pão,  desceu do céu. Jesus diz: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim, não terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.”(Jo.6:35)  E mais: “Se alguém comer deste pão viverá para sempre”(Jo.6:51).

3.4 As ervas amargas(v.8)

As ervas amargas simbolizavam os sofrimentos e dificuldade do povo no cativeiro. Aos serem usadas, elas lembravam que a vida dos judeus era amarga no Egito. Lembram a vida amarga que tiveram no passado.
As ervas amargas nos lembram que a a vida do homem sem Deus é amargosa, cheia de fardos pesados.
Lembre-se que uma raíz de amargura tira o sabor do prazer de viver, e assim, aos poucos, o desejo de vencer desaparece, a alegria se transforma em tristeza, as pessoas ficam sem forças para agir e ter iniciativas, os sonhos são sepultados em cavernas sombrias, o vigor de dias melhores se enfraquecem, a esperança é sufocada. O coração amargurado é sustentado por pensamentos e sensações de derrota.
Porém, devemos lembrar que a obra salvadora do Senhor cura toda amargura. E assim, o nosso passado já foi derrotado na cruz. E agora, nós vivemos em Cristo.

4. CONCLUSÃO

I Cor. 5:7 diz: “Cristo, a nossa Páscoa, foi sacrificado por nós.” Por isso, nós temos que agradecer a Deus por tudo que Jesus tem proporcionado para nós. Jesus realizou por você e por mim o maior ato de sacrificio que um homem poderia realizar na história. Assim todo sacrificio que fizermos por Ele ainda é pequeno. Studd assim dizia: “…não existe sacrifício grande demais que eu possa fazer por Ele”.
Como eu disse no início, todos nós tivemos o nosso dia de libertação do Egito. Fomos livres do pecado. Nós experimentamos o cumprimento da promessa de Jesus de João 8:36: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Assim, a ceia do Senhor é a nossa páscoa por nos lembrar da nova vida e libertação que alcançamos em Cristo. Dá próxima vez que você enfrentar lutas, lembre-se de como Deus o libertou no passado e recorde acerca da promessa de uma nova vida que você tem com Cristo.

Autor: Pastor Josias Moura

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